segunda-feira, 20 de junho de 2011

Manuel d' Assumpção 1926-1969

Manuel Trindade D'Assumpção nasceu e morreu em Lisboa.
Iniciou a sua aprendizagem artística com seu pai e com o pintor Manuel Barrias. Em 1947 parte para Paris, onde estudou com Fernand Léger, tendo estudado depois História Geral de Arte com Jean Cassou (1949-50).
Conheceu Atlan e Raimund Hains, pintores líricos, antes de voltar para Lisboa, onde contactou com António Maria Lisboa, cuja morte, em 1953, muito o impressiona.
Isola-se em Portalegre, onde realizou para um café local um quadro, "Último Bailado" - Homenagem a Paul Éluard (1955), depois de numerosos quadros surrealistas que desapareceram.
Em 1958 regressa a Lisboa e expõe no Salão de Outono da S.N.B.A., atraindo as atenções do público mais esclarecido.
No mesmo ano é premiado em Vila Real, sendo-lhe adquirido um quadro para o Museu de Arte Contemporânea.
A sua pintura de 1958 apresenta grandes arquitecturas abstractas retalhadas, onde os contrastes de cores e de valores luminosos sugerem dinamicamente uma profundidade pura. Trata-se, numa primeira aproximação, de uma pintura cujo espaço ambíguo está próximo do da pintura da Escola de Paris, nomeadamente a de Alfred Mannessier e a de Bertholle, não sendo porém alheia a uma ambição surrealista de um Paalen. Em breve esta ambição do surreal leva D'Assumpção a conjugar estas arquitecturas com grandes figuras transparentes de intenção cabalística ou com sugestões de esferas e planos dinâmicos, em alusão simbólica ao cosmos. Alguns títulos são indicativos desta ambição poética: Génesis (1958), Mística (1958), Espaço-Deus (1960), etc.
Em 1950, escreveu: "Quem disser que eu sou um artista está enganado. A pintura que faço não é minha, mas obra de um enorme Deus, que eu não vejo e que raramente cai em mim." Mais tarde, dizia aos seus amigos: "Pense bem, não é artista quem quer, embora todos tenham a liberdade de o querer; só é artista quem e'".
Bem apetrechado tecnicamente e vivendo quotidianamente o desespero da sua ambição criadora, D'Assumpção impressionou fortemente alguns pintores e poetas, mas o seu convívio difícil aumentou a sua solidão. Em 1969 suicidou-se.

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