Pedro Tamen, 86 anos, morreu hoje em Setúbal, onde estava hospitalizado. Dedicou mais de 50 anos à poesia, longamente premiada, mas sem abdicar do vício da tradução.
Pedro Tamen estreou-se em 1956 com "Poema para todos os dias", em
edição de autor, pouco antes de assumir a direção da editora Moraes, até 1975 e
onde dinamizou a coleção "Círculo de Poesia".
A extensa obra poética foi coligida em diferentes ocasiões, nomeadamente em
"Tábua das Matérias" (1991) e "Retábulo das Memórias"
(2013), com cerca de mil páginas, coligindo 19 livros e poemas soltos.
Pedro Mário de Alles Tamen, nascido em Lisboa em 1934, licenciou-se em
Direito na Universidade de Lisboa, mas não exerceu; integrou o jornal Encontro,
da Juventude Universitária Católica, foi cineclubista, professor do ensino
secundário, diretor-adjunto da revista Flama e editor em O Tempo e o Modo.
Nos anos 1970 integrou ainda a primeira direção da Associação Portuguesa de
Escritores.
Foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian durante mais de duas
décadas, entre 1975 e 2000, com o pelouro das Belas-Artes. No final desse ano,
depois de se reformar da fundação, iniciou a tradução do romance em sete
volumes "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust.
Além de Proust, Pedro Tamen traduziu obras de Flaubert, Camilo Jose Cela,
Georges Pérec, Jean Paul Sartre, Gabriel Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa e
Michel Foucault.
Pedro Tamen teve um percurso literário premiado, nomeadamente com o Grande
Prémio de Tradução Literária, em 1990, o Prémio da Crítica da Associação
Portuguesa de Críticos Literários, em 1991, o Prémio P.E.N. de Poesia, em 2001,
o Prémio Luís Nava, em 2006.
Em 2010 venceu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de
Escritores, com "O livro do sapateiro", e no ano seguinte o Prémio
Literário Casino da Póvoa.
Em 1993, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
* Com Lusa
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