
Nos 75 anos do raid Lisboa-Macau (1924-1999)
José Manuel Sarmento de Beires foi um dos homens que esteve nos primórdios dos raids aéreos portugueses. No de 1924, a Macau, e no de 1927, ao Brasil, considerados como alguns dos feitos aeronáuticos mais importantes do século XX.
Nascido em Lisboa, a 4 de Setembro de 1893, foi aluno do Colégio Militar e terminou o curso de Engenharia Militar da Escola de Guerra em 1916.
Nesse mesmo ano de 1917 apresentou-se na Escola de Aeronáutica Militar em Vila Nova da Rainha onde recebeu as asas de piloto militar naquele que foi o primeiro curso de pilotagem militar efectuado em Portugal.
Depois da travessia aérea do Atlântico Sul por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, em 1922, em 7 de Abril de 1924 - no mesmo dia em que foi promovido por distinção a major - Sarmento Beires partiu de Vila Nova de Milfontes com Brito Pais, com direcção a Macau a bordo do "Pátria", um Breguet Br16, especialmente transformado nas oficinas da Amadora.
Os pilotos tinham recorrido a uma subscrição pública conseguindo uma verba para a compra de um Breguet de bombardeamento nocturno que outrora tinha servido na 1ª Guerra Mundial.
Adquirido o avião Breguet 16 Bn-2, com um motor Renault de 300cv, foram introduzidas algumas alterações, nomeadamente, depósitos de gasolina suplementares, de forma a aumentar o seu raio de acção.
O "Pátria" teve como tripulantes, o Major Brito Pais, o Major Sarmento de Beires e o Mecânico Alferes Manuel Gouveia, que se juntou à tripulação em Tunes.
Apesar dos contratempos de vária ordem, com condições atmosféricas adversas, tempestades de areia, calores intensos e cartas geográficas sem rigor, o «Pátria» acaba por aterrar no deserto de Thur na Índia, totalmente danificado.
Depois do sucedido, chega de Portugal a notícia de que o Governo autoriza a compra de um novo avião.
No dia 7 de Maio, o "Pátria I" é substituído por um Havilland Liberty, DH9, de 400cv, comprado na Índia por 4.700 libras, baptizado com o nome de "Pátria II".
Para que o "Pátria II" pudesse prosseguir viagem, Manuel Gouveia não acompanha o resto dos tripulantes, por uma questão de lotação da aeronave, seguindo directamente para Macau.
A viagem aproxima-se do fim e a 20 de Junho o "Pátria II" deixa a Indochina rumo a Macau. Por razões de mau tempo, a tripulação viu-se forçada a fazer uma aterragem de emergência numa povoação chinesa depois de ter sobrevoado Macau, tendo o avião ficado danificado, embora sem consequências para os pilotos.
Sobre o mar, montanha e deserto, o "Pátria" percorreu 16.380 km gastando 115h e 45m para ligar Lisboa a Macau.
Postal máximo editado pelo Museu do Ar. Exemplar numerado 02565, não circulado.