domingo, 14 de dezembro de 2008

O Homem que matou Sidónio Pais

A RTP apresentou ontem um documentário sobre o "Homem que matou Sidónio Pais", José Júlio da Costa, por ocasião dos 90 anos do seu assassinato a 14 de Dezembro de 1918.
Confesso que este documentário foi uma decepção.
Muitos historiadores e familiares de José Júlio da Costa e de Sidónio Pais a tecerem comentários de ordem vária que, depois, foram colados, nem sempre com equilíbrio ou com sentido que se percebesse por retirados do contexto em que foram proferidos.
Ou seja, o documentário não acrescenta nada ao que se sabia anteriormente e perdeu-se uma oportunidade de saber mais sobre o envolvimento (ou não) da maçonaria, se havia um plano alargado para matar Sidónio Pais naquele dia, (no Rossio, Entrecampos ou no Porto), as ligações de Sidónio à Maçonaria e as repercussões do assalto ao Grémio Lusitano, sede da Maçonaria, que terá sido considerado como uma traição, o eventual envolvimento estrangeiro no assassinato, o papel de Sidónio e do governo face à presença na Grande Guerra, etc, etc.
E foi pena.

Recordando... Maria José Teixeira de Vasconcelos

Por ocasião da entrega do Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, a Câmara de Amarante organizou uma exposição sobre Maria José Teixeira de Vasconcelos - a Zézinha de Pascoaes - para, nas palavras de Armindo Abreu, "a recordar e para esquecermos por momentos a falta que nos faz."
A evocação esteve a cargo de José Rui Teixeira mas o grande momento da tarde foi a intervenção notável de intensidade e brilhantismo de Maria Eulália Macedo, amiga de muitos anos da Zézinha e dos Pascoaes.
A exposição integra peças notáveis da história de Amarante dos últimos cem anos, Teixeira de Pascoaes e a sua família, os amigos, Almada Negreiros, Sarah Afonso, Mário Cesariny, para além de muitas peças pessoais.
Notável também o livro publicado como catálogo, da responsabilidade de Maria José Queirós Lopes e com arranjo gráfico de Carlos Gallo, onde reune o material apresentado na exposição e um conjunto de depoimentos de António Cândido Franco, António Cardoso, Dalila Pereira da Costa, Germana Tânger, Francisco Ortigão de Oliveira, Maria Eulália de Macedo, Manuel Ferreira Patrício e Paulo Samuel.
Parabéns a todos os que trabalharam para nos proprocionaram tão emocionantes momentos.

"Quarteto para as próximas chuvas"


"Quarteto para as próximas chuvas", de João Rui de Sousa,
Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes.

Realizou-se ontem na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira a cerimónia de entrega do Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes a João Rui de Sousa.
Em nome do juri, António Cândido Franco, fez a apresentação do poeta e da obra premiada que, recorde-se, foi aprovada por unanimidade.
Do livro premiado apresentamos um excerto:

Razão Solar

Enfrenta o sol que vem e adivinha
o azul de amendoeiras que são brancas.

Dá livre curso ao fogo, à plena ave
que voa no teu ser e nele oscila.

Afaga (e amadurece) esse veludo
onde procuras erva ou o rumor
do espaço ou o vagar de um rio.

Não penses na raíz, nas incisões
da lama. Nem num frio que arrefeça
os teus cabelos.

Segue o teu corpo - a luz, o lume,
a sua lenha - como quem lambe,
eterno, o seu pavio.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Faltam 100 dias

Faltam 100 dias para se comemorar o Centésimo aniversário da chegada do 1º Comboio a Amarante e inauguração do primeiro troço da Linha Férrea do Vale do Tâmega - 23 de Março de 1909.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes

A sexta edição do Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes foi atribuída a João Rui de Sousa, premiando o livro "Quarteto para as próximas chuvas".

A cerimónia de atribuição do galardão terá lugar amanhã, 13 de Dezembro, pelas 16 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal Albano Sardoeira.
Amarante presta ainda homenagem à "Zézinha de Pascoaes" com a inauguração pelas 15.30 h de uma exposição "Recordando... Maria José Teixeira de Vasconcelos", com evocação de José Rui Teixeira.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Manoel de Oliveira

Daqui a menos de uma hora, Manoel de Oliveira comemora 100 anos de idade, apesar de, ao que consta, ter sido registado a 12 de Dezembro.
Conheci, comecei a ouvir falar do Manoel de Oliveira do filme Aniki Bóbó e mais tarde percebi que aquele Senhor era o mesmo das velhas corridas de automóveis ("à séria").
Admirei o corredor, o "gentleman", o Homem do Porto, mais que o cineaste de quem diziam fazer filmes longos que nunca mais acabavam e chatos. Mais tarde, percebi que não era bem assim. E confesso que, há dois anos, fiquei maravilhado quando vi Manuel Oliveira na Exponor, acompanhado da sua esposa, igualmente jovem, por ocasião do Salão Automóvel, onde tomou contacto com um carro com que correra nos anos 30, salvo erro, e com o qual vencera no Circuito da Gávea de 1938. Espantosa a sua vitalidade, a sua memória e, inesquecível para todo o sempre, o momento em que sentou no Ford V8, agora de um coleccionador alemão, e o conduziu perante o aplauso de milhares de pessoas.
Amanhã, toda a blogosfera irá homenagear Manoel de Oliveira. Justamente.
O que se pode desejar a quem faz 100 anos? Saúde.
Em silêncio deixo aqui a minha homenagem. Votos de saúde e... muitos filmes.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Quem mandou matar Sidónio Pais?

In "Presidentes de Portugal - Fotobiografias - Sidónio Pais", Alice Samara, Museu da Presidência da República, 2006.

"Sidónio Pais foi morto por José Júlio da Costa (1893-1946) na estação do Rossio, a 14 de Dezembro de 1918. Mas se esse facto foi considerado insofismável, várias teiroas tentaram responder ao que na altura sugia como uma questão essencial: quem foram os mandantes do crime?...
Existem, portanto, várias teorias sobre quem teria armado o braço de José Júlio da Costa. No entanto, primeiro que tudo, não se deve descartar a hipótese mais simples. Foi um acto solitário, sem ser o resultado de uma complexa conjura, sem ter sido uma ordem. Pode ter sido, como aliás foi escrito, um acto político, de um homem que desejava afastar o que considerava um ditador, um tirano. Para outros, José Júlio da Costa não perdoou ao regime e a Sidónio Pais as prisões dos rurais que tentaram as primeiras ocupações de terras no Alentejo, no Vale de Santiago, em Novembro de 1918, que decorreu em simultâneo com a greve geral organizada pela UON.
É certo, porém, que como vários observadores coevos referem, o assassinato de Sidónio Pais já tinha sido sugerido. Em Agosto de 1918, por exemplo, o jornal sidonista "A Situação" refere que circulam papéis pedindo a morte do "ditador". O ambiente era já de grande crispação política, sobretudo depois da malograda tentativa revolucionária de 12 de Outubro. Alguns dos colaboradores e amigos do Presidente teriam mesmo chegado a alertá-lo para o perigo. Depois do primeiro atentado, esta possibilidade era ainda mais forte e entrava mesmo nos cálculos de forças políticas que gizavam planos para o caso de tal acontecer. Depois do primeiro atentado, os homens que compunham a Junta Militar reúnem-se no Quartel do Carmo, em Lisboa, para delinear um possível gabinete.
Para alguns sidonistas, o Presidente da República sabia que ía morrer. Mas mais do que isso, estaria pronto a fazê-lo pela Pátria. E foi desta matéria que se construiu o mito Sidónio Pais.
Se José Júlio da Costa não actuou sozinho, quem foram os seus cúmplices? A 14 de Dezembro de 1951, o jornal "A Voz" publica um artigo intitulado "Quem mandou matar Sidónio Pais?". Segundo uma fonte não identificada, que falara com um alegado cúmplice de José Júlio da Costa, existira de facto um plano para assassinar o Presidente. Teriam sido arregimentados vários homens para levar a cabo a tarefa, dois para a estação do Rossio e outros dois para a de Entrecampos. refere, ainda, a existência de dois indivíduos no Porto, prontos a matar Sidónio Pais, caso o atentado não tivesse sucesso em Lisboa. E à pergunta "Porque mataram o Presidente?", respondeu: "Quando em 1918 foi assaltado o Grémio Lusitano, sede da Maçonaria, por ordem do capitão Lobo Pimentel, a Ordem pensou que se tratava de uma traição de Sidónio Pais, que era filiado. Disse-se então que nascera desse facto o plano para o assassinar. Todavia não fora Sidónio Pais quem mandou assaltar o Grémio Lusitano." Ainda segundo esta fonte, os conjurados tinham recebido as armas na loja maçónica Eugénio dos Santos. O cúmplice citado por esta fonte anónima chamava-se Cândido de Oliveira, era natural da uma aldeia do concelho de Ourém e morrera em março de 1944.
Este depoimento, feito tantos anos depois dos acontecimentos, tem de ser visto com muitas reservas.
Da lista dos alegados mandantes constam a Maçonaria, o Partido Democrático, os monárquicos e os sovietes. Vejamos alguns exemplos. Nesta H. Webster no seu livro "Secret Societies & Subservive Mouvements", publicado em Londres, em 1924, acusa a Maçonaria. Esta organização secreta, tanto em Portugal como em Espanha, teria tido não só um papel subversivo mas também "revolucionário" e "sanguinário". A Maçonaria e a Carbonária teriam organizado as revoluções em Portugal e, para além disso, eram responsáveis pela morte do rei D. Carlos I e do príncipe Luís Filipe (que foram assassinados no Terreiro do Paço em Fevereiro de 1908). Segundo o mesmo autor, teriam sido maçons moderados que teriam confidenciado a um maçon inglês em 1919 que o assassinato de Sidónio Pais fora gizado por determinadas lojas. Fora em Paris que se decidira o afastamento do Presidente da República, numa reunião entre maçons portugueses e o Grande Oriente de França. refer ainda o facto de que o assassino tinha sido libertado durante a revolução de Outubro de 1921 e que não fora recapturado. De facto, José Júlio da Costa só seria novamente preso em 1927, durante a Ditadura Militar.
Os homens do Partido Democrático, inimigos jurados de Sidónio Pais e tidos como estreitamente ligados à Maçonaria, fazem igualmente parte do rol de suspeitos. Para muitos seriam os que mais tinham a ganhar com o desaparecimento do Presidente da República. Dizia-se que José Júlio da Costa era maçon e filiado no Partido Democrático, agindo sob as suas ordens.
Eurico de Campos, inspector da polícia, no livro "Quem são os assassinos do Dr. Sidónio Pais?" (Estudo de investigação criminal) afirma que "... foram os monárquicos que armaram o braço que assassinou o Dr. Sidónio Pais". Os realistas planeavam a restauração da monarquia e o Presidente da República ía ao Porto "... romper hostilidades sobre os monárquicos, demitindo Sollari Alegro e Margaride, libertando os presos políticos e inclinar-se abertamente para as esquerdas..."
O assassinato de Sidónio Pais tem sido bastante discutido e analisado. Até Fernando Pessoa lhe dedicou várias páginas. No entanto, nehnhuma destas teorias se revelou suficientemente sólida para ser consensualmente aceite. Ainda hoje, para a História, o que se pode dizer com segurança é que foi José Júlio da Costa que matou Sidónio Pais."

Documentário sobre Sidónio Pais na RTP

No próximo dia 13 de Dezembro, às 23.30 horas, a RTP1 irá exibir um documentário designado "O Homem que matou Sidónio Pais".
A não perder.

Assassinato de Sidónio Pais

Assassinato de Sidónio Pais na Estação do Rossio

Acabo de receber este magnífico postal da época retratando o assassinato de Sidónio Pais na estação do Rossio, em Lisboa. Vê-se José Júlio da Costa empunhando uma pistola e disparando à queima roupa sobre Sidónio Pais, a confusão que se instalou, o hall da estação, o placard das partidas e chegadas.
Pela sua importância e oportunidade não pude deixar de o partilhar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Proclamação como Presidente da República

Sidónio Pais na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa na sua proclamação como Presidente da República, em Maio de 1918.

Fotografia do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)

Retrato de Sidónio Pais por Henrique Medina

Sidónio Pais
Retrato a óleo sobre tela, da autoria de Mestre Henrique Medina, 1937

14 Dezembro de 1918

A 14 de Dezembro de 1918 Sidónio Pais foi assassinado na Estação do Rossio por um homem, José Júlio da Costa, que viera de Garvão, pequena vila do Baixo Alentejo, por altura da luta pelos baldios e pela ocupação de terras no Vale de Santiago, com o objectivo único de pôr fim ao consulado sidonista, começando pela eliminação física do seu principal mentor.
Sidónio Pais preparava-se para embarcar para o Porto onde pretendia resolver pessoalmente os problemas criados pelas Juntas Militares, contra a indicação de todos os seus principais conselheiros que temiam pela sua vida.
O Governador Civil de Lisboa, Sousa Fernandes, tentara demovê-lo da viagem. O mesmo tenta o Ministro da Guerra. Mas Sidónio mantém-se irredutível. Alguns dias antes, a 6 de Dezembro, Sidónio fora alvo de uma tentativa de assassinato, por ocasião da Condecoração aos sobreviventes do Augusto Castilho.
Conta-se que estando Sidónio no chão, já a agonizar, apesar dos esforços infrutíferos do capitão Carneira, que tenta, a todo o custo, protegê-lo com o seu corpo do tiroteio, terá proferido as últimas palavras: «Morro bem! Salvem a Pátria!».
No próximo domingo, comemoram-se 90 anos sobre esta efeméride.

O Sr Dr Sidonio Paes, ilustre Presidente da Republica

Capa da "Ilustração Portugueza" de 11 de Fevereiro de 1918
"O SR. DR. SIDONIO PAES, ILUSTRE PRESIDENTE DA REPUBLICA, a quem todo o paiz prova, pelas entusiasticas e constantes aclamações, quanto confia na sua obra de regeneração nacional."

Sidónio Paes no Acampamento de Campolide

Sidonio Paes no Acampamento de Campolide

O major Sidonio Paes liderou um dos movimentos revolucionários da I República.
Na edição de 17 de Dezembro de 1917 da "Ilustração Portugueza" é feita uma extensa reportagem com magníficas fotografias dos acontecimentos de 5 a 7 de Dezembro onde, recorde-se, Sidónio Paes comandava 1500 tropas compostas por alunos da escola de guerra e pela maior parte das forças da guarnição de Lisboa.
Como dizia a "Ilustração Portugueza", "venceu a revolução. Caiu o governo democrático, decretando-se a dissolução do parlamento e a deposição do sr. dr. Bernardino Machado da presidência da Republica".
O Governo deposto era liderado por Afonso Costa que se encontrava fora de Lisboa sendo detido dia seguinte no Porto.
Sidonio Paes instaurava, assim, a "República Nova", assente numa confederação de interesses composta por republicanos descontentes, monárquicos e clericais, e adversários da participação na I Grande Guerra.
A 11 de Dezembro de 1917 tomou posse como Presidente do ministério, acumulando as pastas da Guerra e dos Negócios Estrangeiros. Assume a Presidência da República em 27 de Dezembro (de acordo com o decreto n.º 3701) até haver nova eleição. É então que é eleito, por sufrágio directo, em 28 de Abril de 1918, sendo proclamado Presidente da República em 9 de Maio do mesmo ano.
A acção social por ele promovida logrou um enorme apoio entre a população, instituindo a “sopa dos pobres”, visitando hospitais e orfanatos, etc. A sua política de proximidade criou um verdadeiro coro de apoio aquele que Fernando Pessoa imortalizaria como o “Presidente-Rei”.

Sidónio Paes - Visita Presidencial (1918)

Visita Presidencial de Sidónio Paes

As duas primeiras décadas do século XX são marcadas por uma verdadeira vertigem colectiva. Os movimentos estéticos, os movimentos políticos, a volatilidade permanente de tudo e de todas as coisas levam-nos a constantes golpes de estado, deposição de presidentes, manifestos, greves, bancarrotas, ânsias de conquista e de domínio, e, no final, à I Grande Guerra.

Por cá, Sidónio Paes é um personagem notável. Militar, académico doutorado em matemáticas, diplomata, haveria de chegar ao poder após um golpe, em 1917. Fez com mestria, como poucos, o culto da pesonalidade.

Foi assassinado um ano depois de chegar ao poder, na Estação do Rossio, quando se preparava para se deslocar ao Porto para tentar travar mais uma tentativa de golpe militar.

Na revista Ilustração Portugueza podemos ver várias capas com a sua fotografia durante este período. Hoje trazemos aqui a revista de 4 de Março de 1918 que retrata a Visita Presidencial ao "Alemtejo e Algarve" com verdadeiros banhos de multidão em Silves, Faro, Portimão, Olhão, S. Brás de Alportel, Beja e Évora.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Paulino Cabral - Abade de Jazente


Paulino António Cabral foi um dos mais brilhantes e polémicos poetas portugueses do século XVIII.
A sua obra está aí, rica, estruturada, incontornável em qualquer abordagem da poesia do século XVIII. A lenda em torno da sua vida de galã permanece com igual força, alicerçada nos relatos feitos por terceiros. Para isso muito contribuiu Arnaldo Gama que faz dele figura principal da obra "Um Motim há cem anos", como se pode ver por esta passagem:
"O recém chegado era um Padre. A batina que usava à francesa, sem capa e com um pequeno cabeção, que lhe descia até metade do ante-braço, era de finíssima lila, e as meias era de seda, lustrosas e bordadas. Os sapatos, de salto e primorosamente apurados, eram adornados por umas enormes fivelas à la Chartre, feitas de puro oiro. Uma larga e comprida faixa de seda preta, de cujas extremidades pendiam duas grandes borlas, cingia-lhe a batina sobre a cintura. Na cabeça tinha uma elegante cabeleira, suficientemente empoada, e trazia na mão um chapéu de pêlo de castor, talhado pelo útlimo rigor da moda. Não se riam porém que diante de si têm nada menos que o celebre poeta Paulino Cabral, um dos mais distintos poetas portugueses da época, a flor e a nata dos bardos do Porto..."
Firmino Pereira, (in "Porto d'outros tempos") faz dele o seguinte retrato:
"O Abade de Jazente era Poeta satírico, à laia de Tolentino. Achava a vida encantadora e tratava de a gozar o mais amplamente que lhe era possível. Epicurista amável e festivo, gostava da mulher e da boa mesa. Amava com carinhosa ternura e comia com o melhor dos apetites. E não era muito difícil de contentar visto que facilmente deslizava da Nize sentimental e languida para a "sopeira" roliça e positiva".
Alexandre O'Neill reivindicou para si a herança poética do "Poeta faceto Abade de Jazente".
Gonçalves Viana e Miguel Tamen são os grandes estudiosos da obra de Paulino Cabral mas não se pode deixar de lembrar os trabalhos e referências de Jacinto do Prado Coelho, José Joaquim Castelo Branco, António Cabral, Luís Adriano Carlos, Ernesto Melo e Castro, Fernando Soares Gonçalves, Balbino Carvalho, e (já agora) o autor destas linhas.
Nascido a 6 de Maio de 1719 na Qta do Reguengo, na fregusia da Lomba, concelho de Amarante, aqui haveria de falecer em 20 de Novembro de 1789, estando sepultado na Igreja de S. Pedro.

(Às criadas do Convento em um Abadessado)

Ó vós, que em Santa Clara de Amarante,
Suposto que sirvais, sois moças belas,
E uma vez na cozinha, outra nas celas
Defumais aos braseiros o semblante;

Vós que, para avistar algum amante
Cobris o rosto com subtis cautelas,
E umas vezes olhais pelas janelas,
Outras vezes estais pelo Mirante:

Vós fartai-vos agora, que este dia
de tanto alv'roço traz licença tanta,
Que tudo se permite à rapazia.

Alto pois, afinar essa garganta,
E dê mote com sábia melodia
Aquela, que de vós for mais chibanta.

14 Dezembro de 1952

A 14 de Dezembro de 1952, na Casa de Pascoaes em S. João de Gatão, Amarante, faleceu Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, conhecido por Teixeira de Pascoaes.
No próximo dia 14, completam-se 56 anos sobre a morte de um dos mais ilustres escritores portugueses do século XX.

Faltam 4 dias



Dia 11 de Dezembro faz 1oo anos Manoel Oliveira.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Lavadeiras - 15

Lavadeiras do Tâmega


Postal editado nos anos trinta pela "Casa das Lérias e outros doces d'Amarante de Alcino dos Reis", sob o nº 8. Postal impresso a sépia circulado em 4 de Outubro de 1934.

Postal interessante pelo retrato que faz, para além das lavadeiras do Tâmega, das obras de construção do muro de suporte da actual Alameda Teixeira de Pascoaes.

Lavadeiras - 14

Lavando a roupa no Tâmega
Reprodução de postal dos anos trinta editado pela "Casa das Lérias e outros doces d'Amarante de Alcino dos Reis, sob o nº 4 ". Postal impresso a preto e branco circulado em 24 de Agosto de 1934.
A análise cuidada deste postal permite-nos perceber alguns aspectos interessantes relacionados com os trajes das lavadeiras, a presença de bacias metálicas, as guigas e os homens à pesca e, noutra escala, na margem direita, o fecho das escadas de acesso ao rio que permitiu o acesso à actual Alameda Teixeira de Pascoaes (ainda sem os muros e meias laranjas), e o estado da recuperação do Jardim Amadeo de Souza Cardoso, na margem esquerda.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Há 28 anos... Francisco Sá Carneiro


Passam hoje 28 anos sobre a morte de Francisco Sá Carneiro, um dos mais brilhantes políticos portugueses do século XX. Registo a data e abstenho-me em silêncio de justificações (por desnecessárias) para este tributo.

Anúncio à Agua do Alardo na Illustração Portugueza

A publicidade, sofisticada como a conhecemos hoje nos meios de comunicação, tem grandes diferenças face às formas primárias e quase incipientes de comunicação dos primeiros anos do século XX. Há dias, folheando a grande revista de referência do início do século XX, "Illustração Portugueza", encontrei na II Série nº 542, de 10 de Julho de 1916, este anúncio à Água do Alardo - "A melhor agua de meza" que achei delicioso.
Pelo texto, pelo discurso argumentativo, pela imagem e, confesso, pelo garrafão.

Lavadeiras - 13

Nas Margens do Leça


"Cliché Alvão, paisagista, Porto", capa da revista "Illustração Portugueza", de 14 de Dezembro de 1914.

domingo, 30 de novembro de 2008

A assinatura de um Camelo

O Jornal da Tarde do serviço público brindou-nos, mais uma vez, com a história de um senhor de Viana do Castelo a quem um padre terá recusado o nome Camelo, chamando-se, apenas, António Martins da Rocha.
O Sr António Martins da Rocha não se conformou com esta situação e levou a vida a lutar para que o seu nome fosse corrigido para António Martins da Rocha Camelo. Agora, finalmente, a "injustiça" foi corrigida e o Sr Camelo festejou o momento porque o orgulho em ser Camelo é grande, juntando 60 convivas num jantar, com direito a televisão (porque a história o merece!) e a um quadro retratando um verdadeiro camelo.
Temos mais um Camelo na terra (Viana do Castelo).

Construção da estação do Rossio, Lisboa

Fotografia impressionante da construção da estação central do Rossio, em Lisboa, inaugurada em 1890. Deste conjunto fazia parte a construção do edifício da estação com a monumental cobertura metálica, o edifício anexo para hotel, o túnel e as rampas de acesso que passaram a ligar ao Largo do Carmo.

CP-GHM, in "Os Caminhos-de-Ferro Portugueses 1856-2006"

Chegada do primeiro comboio à estação de S. Bento, Porto

Foto da Fotografia Alvão documentando a chegada do primeiro comboio à estação provisória de S. Bento, em 7 de Novembro de 1896. A composição foi rebocada pela locomotiva "Miragaya", fabricada nesse ano em Inglaterra pela Beyer Peacock, e conduzida pelo maquinista Thomaz Pelekiton.

Foto Alvão CP-GHM, in "Os Caminhos-de-Ferro Portugueses 1856-2006"

Construção da estação de S. Bento, Porto

Fotografia da Foto Alvão das obras de construção da estação de S. Bento, no Porto, projecto do arquitecto José Marques da Silva. Esta localização foi muito contestada pela Irmandade de São Bento da Avé-Maria, cujo mosteiro foi preciso desactivar. A foto mostra os pormenores desta construção gigantesca para a época sendo bem patentes os meios envolvidos.

Foto Alvão - CP-GHM, in "Os Caminhos-de-Ferro Portugueses 1856-2006"

Construção da Ponte D. Maria I

Fotografia da construção da Ponte D. Maria I, projecto do Engº Seyring, contruído pela Casa Eiffel.
Impressionante os pormenores de construção desta ponte em que os apoios intermédios foram substituídos por um arco, o maior do mundo de então.

Fotografia CP-GHM, in "Os Caminhos-de-Ferro Portugueses 1856-2006"

sábado, 29 de novembro de 2008

Notas sobre movimento saudosista III

Continuação

"... Não foi só no espírito de Pascoaes que o Saudosismo sobreviveu; foi na obra dos poetas saudosistas...

Passando do espírito de Pascoaes para a doutrina e da doutrina para a obra de vários poetas, o Saudosismo não constitui propriamente uma escola literária. Uma escola tem manifesto e um programa definido. Pascoaes fez manifestos patrióticos, digamos, filosóficos, mas não propriamente literários.

Apenas aconselhou que se cantasse a saudade, que se procurasse na ausência a presença verdadeira, que se cultivasse o verso escultural (de que não deu uma definição precisa).

...

Os poetas que mais se distinguiram nas colunas da revista (Águia) foram Afonso Lopes Vieira, António Correia de Oliveira, Jaime Cortezão, Afonso Duarte, Augusto Casimiro e Mário Beirão...

Fernando Pessoa, que escreveu vários artigos na Águia, foi quem primeiro tentou apresentar, em síntese, as notas distintivas da poesia saudosista (refere-se à nova poesia portuguesa, o que é o mesmo). São elas, no parecer de Pessoa, o vago, a subtileza e a complexidade.

Esclarece que vago não significa obscuro, antes implica uma ideação que tem o que é vago ou indefinido por constante objecto ou assunto. Diz que entende por subtil a ideação que traduz as sensações por expressões detalhadas em elementos interiores...

Finalmente, afirma que a complexidade se liga ao anseio do transcendente dos poetas do seu tempo, imbuídos do panteísmo, desejosos de espiritualizar a matéria e de materializar o espírito, o que dá origem a imagens arrojadas e admiráveis...

Noutro lugar, Fernando Pessoa apresenta três novas características da poesia saudosista: a não-popularidade, a anti-tradicionalidade, a nacionalidade. Aqui Fernando Pessoa não é feliz, porque alguns dos poetas saudosistas fizeram poesia de sabor popular que o público apreciou. Além disso, Pessoa confunde as tendências políticas da Águia com as tendências literárias dos saudosistas e daí o chamar anti-tradicionalista uma poesia que continua perfeitamente a tradição lírica portuguesa.

Por seu turno, Philéas Lebesgue apontou na corrente saudosista, além da preferência pelo tema saudoso, o tom elegíaco, a postura contemplativa, um sentido inato do mistério, desperto ante as coisas mais rasteiras. "Um traço comum, inédito, caracteriza estes poetas de um povo em crise de ressurreição: aspiram: comungam doidamente nas coisas. Apaixonadamente preocupados com a natureza, só pensam por imagens, que o seu entusiasmo espiritualiza. Assim a nova poesia é uma poesia sintética, uma poesia da alma. Subtilmente evocadora, distingue-se do Simbolismo pela sua perfeita espontaneidade, pelo seu sentido inato do mistério, que a leva a ver o além de todas as coisas.

De facto, o Saudosismo distingue-se principalmente por ser uma corrente literária nacional, que se opõe às tendências desnacionalizadoras da época.
Vemos portanto no Saudosismo dois aspectos principais: o lirismo elegíaco do poeta das Sombras, com o seu mundo característico; o lirismo historicista, artístico e português, de Afonso Lopes Vieira. O primeiro, mais espontâneo e universal; o segundo mais consciente e particularista, de aproveitamento consciente dos valores nacionais."

Notas sobre movimento saudosista II

Continuação

"... De facto, a saudade contém várias características do português: a doçura, o subjectivismo, a tristeza resignada, o gosto amargo de estar ausente."
"... Formulada a primeira ideia, Pascoaes tentoou aprofundar a riqueza psicológica escondida na palavra saudade. Quis penetrar assim no âmago nacional. Naturalmente, incapaz como é de sair de si próprio, elaborou apenas em redor da saudade a sua concepção pessoal do universo, a sua metafísica, a sua religião de poeta."
"... mas a estética de Pascoaes tinha a vantagem de ser nacional, juntamente com o mérito de sugerir motivos e estados psíquicos ricos de poesia.
Até aqui, portanto, nada há que censurar. Pascoaes permanece no domínio do que lhe é próprio, quer dizer, no domínio estético. Infelizmente, o director da Águia quis entrar no domínio prático. Procurou fazer do Saudosismo um programa de acção colectiva. Debaixo dessa bandeira, pregou a criação de uma igreja lusitana autónoma, visto que, segundo ele, a dependência de Roma prejudicou-nos sempre, a tendência separatista é constante na nossa história, o povo português não é católico mas saudoso, ou seja, pagão e cristão ao mesmo tempo. Os santos do "cristianismo português" seriam a Família, a Pátria, e um Deus que não passa da "representação do mais sublime anseio da alma".
Transitando para o terreno político, defendeu uma democracia rural, municipalista, religiosa à sua maneira. Também isto era, para ele, o Sadosismo; porque a saudade deveria guiar-nos em tudo, fazendo-nos, pela lembrança, reviver o nosso passado glorioso, e, pelo desejo, construir um futuro digno desse passado. A saudade seria a deusa do renascimento português.
... A crítica mais completa foi iniciada por António Sérgio...
António Sérgio afirmava, acima de tudo, esta coisa simples: o desejo saudoso dilui-se numa tristeza resignada, enquanto o desejo fecundo, o desejo dos povos fortes, é moço, alegre, entusiasta, todo dirigido para o porvir. Por isso a saudade não servia de estímulo a um renascimento nacional; pelo contrário, deprimia cada vez mais os portugueses.
... Já nessa data (1917) o Saudosismo tinha morrido. Pascoaes abandonara, em 1916, o combate. Mas não transigira nunca (era impossível), porque D. Quixote não transige com Sancho."

Continua

Notas sobre movimento saudosista





Há dias reencontrei esta notável obra de Jacinto do Prado Coelho, "Teixeira de Pascoaes - Ensaio e Antologia", publicado na Atlântida Livraria Editora, de Coimbra, em 1945. Trata-se de uma obra incontornável na abordagem da poesia de Pascoaes.
Prado Coelho estrutura o seu ensaio da seguinte forma: enquadramento biográfico, influência da paisagem, vozes da infância, percepção do mundo, o poeta da saudade, o cavaleiro do Graal, canto de alegria canto de tristeza, o sentimento da humanidade, a arte de Pascoaes e a Metafísica de Pascoaes.
Segue-se um antologia poética com 29 poemas, extremamente bem escolhidos (onde não falta "a uma fonte que secou", "canção monótona", "canção de uma sombra", etc,).
Na 3ª parte, Prado Coelho apresenta em 25 notáveis páginas, "Nota sobre o movimento saudosista".
Aborda a questão da Revista Águia e do movimento da Renascença Portuguesa. "Durante os quatro anos em que dirige a Águia, Pascoaes divulga o seu pensamento como se faz uma cruzada, porquanto transmitir ideias e actuar nos outros são também exigências do seu espírito. Toda a sua obra, quer em prosa quer em verso, resulta de um imperativo íntimo tão categórico e premente que, na febre do entusiasmo, é obrigado a escrever à pressa, conforme declara numa carta de Setembro de 1912 a Boavida Portugal: "O meu pensamento poético desenvolveu-se em mim com tal rapidez que, para não lhe ficar atrás, tive de o exteriorizar em livros escritos à pressa. Compreende-se, portanto, a necessidade de corrigir e aperfeiçoar a minha obra, que já consta de dez volumes compostos e publicados num período de onze anos. Só peço a Deus saúde e tempo para conseguir este maior desejo da minha vida, a única razão da minha vida. O amor que dedico à minha obra não é somente um amor paterno. Amo-a, porque estou convencido de que ela deu ao espírito português alguma coisa que lhe faltava.
Pascoaes devia pensar principalmente, ao escrever esta última frase, no que ele considera a revelação aos portugueses da sua alma colectiva, revelação cumprida por meio de uma interpretação nova da saudade. Esta palavra Pascoaes aceita facilmente que seja intraduzível, porque foi criada pelo nosso povo e nenhum povo como o nosso pode ser tipificado, em conjunto, pelo sentimento, saudoso. De facto, o nosso povo distinguiu-se sempre, na história e na literatura, por este sentimento. Mas não tinha consciência dele, não conhecia as energias latentes e o significado profundo do génio nacional. Só na segunda década do século XX Pascoaes veio trazer-lhe essa consciência, através do Saudosismo. Daí o afirmar: "A Saudade procurou-se no período quinhentista, sebastianizou-se no período da decadência, e encontrou-se no período actual" (O Espírito Lusitano). "
Continua

A propósito de nada e de tudo

"A ignorancia he a inimiga mais irreconciliavel da liberdade".

in Decreto de fundação da Real Biblioteca Pública do Porto, 9 de Julho de 1833, há 175 anos.

Automóvel

Chegou há dias do Porto o digno escrivão do 4º Offício sr. António Celestino de Vasconcellos, que ali fora adquirir um carro automóvel. É o primeiro que se vê nesta villa. o que demonstra que o sr. Vasconcellos é um cavalheiro arrojado e de muito gosto. Já fez algumas experiências com a sua nova carruagem, mostrando-se satisfeito.

In Jornal "Flor do Tâmega", de 9 de Setembro de 1900

Vista da Exposição Agrícola

12 photografias 9x12; 13x18; 18x24, 200, 300, 500 réis. Vendem-se na redacção da Flor do Tâmega.

In Jornal "Flor do Tâmega", de 20 de Dezembro de 1908

Photografias

Tanto da villa como dos arredores, vende-se photografias, tamanho 9x12, a 200 réis o exemplar. Há variada colecção. Trabalho perfeito.

in Jornal "Flor do Tâmega", de 7 de Janeiro de 1900

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Faltam 115 dias

... Para o Centenário da Inauguração do primeiro troço da Linha do Vale do Tâmega - Livração-Amarante.

Desculpem a notícia mas justifica-se...

Tribunal inglês decidiu extradição de Vale e Azevedo
Hoje às 15:31

O Tribunal de Westminster decidiu extraditar o ex-presidente do Benfica para Portugal, segundo avança a agência Lusa. Vale e Azevedo vai recorrer da decisão.
O Tribunal de Westminster ordenou hoje a extradição de João Vale e Azevedo para Portugal, tal como pretendiam as autoridades judiciais portuguesas, mas o processo vai continuar porque o ex-presidente do Benfica vai recorrer da decisão.
O advogado de Vale e Azevedo, Eduard Perrot, disse estar convicto que havia razões para apresentar recurso junto do Tribunal Superior britânico, equivalente ao Supremo Tribunal de Justiça em Portugal, tendo sete dias para o formalizar.
Em causa no processo está um mandado de detenção emitido em nome do ex-presidente do Benfica no chamado caso Dantas da Cunha, no qual João Vale e Azevedo foi condenado em Outubro de 2006 a sete anos e meio de cadeia pela prática de crimes de falsificação e burla qualificada.
No início de Novembro, o juiz britânico que tinha analisado o pedido de extradição mostrava-se inclinado a aprovar o pedido com base no primeiro mandado que foi emitido em Junho, sugerindo a eliminação do segundo mandado com data de Outubro.
No entanto, João Vale e Azevedo recusa-se a voltar a Portugal, alegando que o processo de cálculo do cúmulo jurídico pode demorar meses, durante os quais estaria preso. Uma medida que o ex-presidente do Benfica rejeita, por considerar que já cumpriu o mínimo requerido.

Les Lavandières du Portugal

Reprodução de folheto dos anos 50 de "Les Lavandières du Portugal"





quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lavadeiras - 12

As Lavadeiras do Leça


Bonito postal das lavadeiras do rio Leça , Ermesinde, circulado em 1938. Para além da juventude e beleza simples da jovem, sobressai a ruralidade e ambiência dos anos 30 em Portugal.

Destacamos os pormenores que nos parecem mais ricos: o vestuário usado pela mulher e pela jovem, o cesto da roupa, os socos nas mãos da mulher e o caixote de madeira para proteger os joelhos e as pernas.

Ninguém fica indiferente à sua beleza.

Vista e costume - Lisboa

Vista e Costume de Lisboa

Outro postal de grande qualidade, dos primeiros anos do século XX, enquadrável no tema de costumes. Retrata a ponte de Sacavém e a figura de um velho pescador.

Trata-de de uma fototipia animada, repleta de pormenores deliciosos: a ponte, os barcos, a igreja, o pescador.


Centenário da Linha do Vouga



Museu do Espumante - S. João de Tarouca



No domingo, fomos por aí acima, por Terras d' Além Douro, nos nossos queridos clássicos. Mesão Frio, Régua, Armamar, Mosteiro de Salzedas, Ucanha (não há palavras!) e Paço D'alvares (Museu do Espumante). Imperdível. O resto, foi Nª Sra dos Remédios e o regresso por locais onde não passava há mais de ... 20 anos. Como diria o Chico Buarque, Foi bonito, pá.

Telhados da minha terra




Folhas caídas

Rio Tâmega - Manhã de Outono



Amarante - Manhã de Outono



sábado, 22 de novembro de 2008

Nos 100 anos da Linha do Vouga

"...
Um comboio de manhã e outro à noite bastam para manter o Vouga neste espanto. Da ponte de pedra frente à Igreja de Vouzela vê-se chegar o comboio: ele passa pela ponte, atravessa-a até parar na estação. Depois, se ficarmos sentados nos bancos do jardim em frente à igreja, é como se a linha do Vouga tivesse acabado e ninguém mais pudesse chegar à Estação de Vouzela, nem ninguém mais pudesse partir para as terras de S. Pedro do Sul, a banhos.
Pelo caminho, antes de Vouzela, só há pássaros. E arvoredo, ainda que os guias turísticos digam ser luxuriante. Será. Como os lugares assim a entrar em desconhecimento, como os paraísos. Os últimos, evidentemente."
Francisco José Viegas, in "Comboios Portugueses - Um Guia Sentimental", Círculo de Leitores, 1988.

Linha do Vouga - Fotografia de Maurício Abreu

Fotografia de Maurício Abreu, in "Comboios Portugueses - Um Guia Sentimental", texto de Francisco José Viegas, fotografia de Maurício Abreu, Círculo de Leitores, 1988

Centenário da Linha do Vouga



23 de Novembro de 1908 - Inauguração da Linha do Vale do Vouga

Extracto da "Ilustração Portuguesa" com fotografia da inauguração do caminho de ferro do Valle do Vouga. Passagem do comboio real pela estação de Espinho-Vouga em direcção a Oliveira de Azeméis.
O comboio era formado por locomotiva da Compagnie Française por la Constrution et Exploition de Chemin de fer à l'Étranger - Lignes du Vale du Vouga e carruagens especiais emprestadas pelos CFE - Minho e Douro, recentemente adquiridas para a Linha do Corgo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

E o Centenário da Linha do Vale do Tâmega?

O 1º Comboio chegou a Amarante em 21 de Março de 1909.
Faltam 120 dias para comemorar o centésimo aniversário da inauguração do primeiro troço da Linha do Vale do Tâmega -Livração-Amarante- que deveria prolongar-se e ligar a Linha do Douro (Livração) a Espanha (por Chaves - Verin). O futuro não quis assim e a Linha do Vale do Tâmega ficar-se-ía pelo Arco de Baúlhe
Faltam 120 dias e 21 de Março será num sábado.
Com o passar dos dias, em contagem descrescente, falaremos deste assunto.