In Jornal de Negócios on line
Bancos "demasiado grandes para falir" emergem da crise maiores do que antes
Os bancos europeus de grande dimensão e que atravessaram a crise de crédito sem recorrer à ajuda de dinheiros públicos estão a emergir da crise maiores do que antes, representando um risco acrescido para as economias que integram, segundo um estudo da Bloomberg com base nos seus próprios dados.
Hugo Paula
hugopaula@negocios.pt
Os bancos europeus de grande dimensão e que atravessaram a crise sem recorrer à ajuda de dinheiros públicos estão a emergir da crise maiores do que antes, representando um risco acrescido para as economias que integram, segundo um estudo da Bloomberg com base nos seus próprios dados. Durante os anos que precederam a crise financeira, os bancos cresceram graças aos reduzidos custos de crédito e ao financiamento de empréstimos e investimentos. O Royal Bank of Scotland (RBS), por exemplo, cresceu 2.914% nos 10 anos que terminaram no final de 2008, avança a Bloomberg.
Regulação europeiaDurante a crise financeira os bancos que receberam ajudas públicas tomaram medidas para reduzir a sua própria dimensão. O RBS comprometeu-se em vender 40% dos seus activos e a Comissão Europeia obrigou bancos como o Commerzbank, o ING e o Lloyds a venderem activos, sob pena de serem de não serem ajudados. No entanto, e apesar de ter sido ordenada a divisão dos bancos que foram resgatados por dinheiros públicos, os reguladores europeus não têm muita autoridade sobre os bancos que não receberam dinheiro dos contribuintes, sendo que estes continuam a constituir um risco sistémico para as economias europeias.“Demasiado grandes para falir”O BNP Paribas, o Barclays e o Banco Santander são três dos 15 bancos europeus, cujos activos têm uma dimensão superior ao PIB dos países em que estão sedeados e também pertencem ao grupo de 353 bancos que cresceram, relativamente ao início de 2007. Como atravessaram a crise de crédito sem necessitar de capitais públicos, as autoridades europeias não puderam ordenar sua divisão ou a venda de activos que reduzissem a sua dimensão bem como o risco sistémico que representam. O BNP Paribas é, hoje, o maior banco do mundo em termos de activos e cresceu 59% desde o início de 2007, tendo um valor de activos que se salda em 2,39 biliões de euros ou 1,17 vezes o PIB francês, avança a Bloomberg.O Barclays cresceu 55% no mesmo período, saldando-se, hoje, os seus activos em 1,55 mil millões de libras (1,7 mil milhões de euros) ou 1,08 vezes o PIB do Reino Unido, enquanto o Santander cresceu 30% para 1,08 mil milhões de activos, um valor próximo do PIB espanhol.
Risco sistémico
A crise de crédito demonstrou que as instituições que são “demasiado grandes para falir” constituem um risco para os seus países, particularmente para as economias mais pequenas da Europa, disse o professor da London School of Economics, Tom Kirchmaier à Bloomberg.
“Dividir bancos que são demasiado grandes para falir tem, na minha opinião, muito mérito”, disse Kirchmaier. “Se tivermos outro choque sistémico e um ou mais dos maiores bancos falir, tenho sérias preocupações de que os países mais pequenos poderão absorver as perdas uma segunda vez”.
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