sábado, 10 de janeiro de 2009

S. Gonçalo de Amarante - 10 de Janeiro

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Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2008

S. Gonçalo de Amarante - a pila e o aquilo

Os nomes dos dias da nossa semana viraram quase todos feiras, perdendo toda a magia dos nomes que já tiveram, o que foi um empobrecimento. Mas isto é outra história de que se pode falar numa qualquer outra altura.
Hoje estamos numa quinta-feira, e é o dia 10 de Janeiro, dia em que se celebra a memória de S. Gonçalo de Amarante. Bem decerto que foi ele aquele primeiro artista que originou a tradição de que Amarante é terra de artistas, tradição bem confirmada, uns sete séculos depois, por Teixeira de Pascoaes, Agustina de Bessa-Luís e Amadeu de Sousa Cardoso. Mas interessa-nos é o Gonçalo.
A história não nos diz que Gonçalo tivesse sido mesmo artista. Mas eu acho que ele o foi no seu viajar vagabundo, e na arte de evangelizar as terras de Entre Douro e Minho – coisa que não deve ter sido fácil, sendo gente tão bravia, e apegada a ritos pagãos, quase todos tão bonitos. Mas no que eu mais me baseio para o considerar artista é no facto de ele ser, ainda hoje, elemento relevante da identidade cultural de Amarante: de facto, ele não é só Gonçalo, mas Gonçalo de Amarante, unindo os dois nomes num; e também não é só Santo, mas santo casamenteiro, louvando o amor humano; e, ainda, porque sendo Santo, é um santo folgazão, louvando a alegria na terra.
E foram estas facetas, de Santo casamenteiro e de Santo folgazão, as que mais se arreigaram na memória popular. Não sei bem se ele era assim, ou se assim o povo o criou. Mas a verdade é que ainda agora o povo honra essas facetas, nos seus cantares mais brejeiros do folclore popular.Vou dar apenas dois exemplos, que toda a gente conhece, para mostrar que também sei. Mas acrescentar aos exemplos umas notas explicativas, só por causa das más línguas, e também das mentes perversas.
Ora vejam lá então:
S. Gonçalo de Amarante
Que estais virado para a Vila
Vira-te para o outro lado
Que te podem ver a grila. (1)
S. Gonçalo de Amarante
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha (2)
Naquilo (3) que vós sabeis.......
Notas desnecessárias, apenas para mentes perversas:
1 – A palavra original é pila, palavra que eu censurei, substituindo-a por grila; é que a palavra pila é uma ambiguidade, de geometria variável, e eu temi que as tais mentes depravadas pegassem nessa ambiguidade e lhe ampliassem a geometria até pontos que eu nem sei, nem quero imaginar sequer; sei também que corro riscos tendo pegado na grila, que é a fêmea do grilo; é que, como puderam ver em textos anteriores, eu falei na passarinha, a fêmea do passarinho, e viram que as mentes perversas viram lá uma outra coisa, que não a casta esposa do humilde passarinho.
2 – Teias de aranha são simplesmente teias de aranha; é uma questão de higiene; é uma questão de asseio; é uma questão de limpeza; bastaria uma vassoura; ou será que não há vassoura?; mesmo assim ouso dizer, para clarificação definitiva, que aquelas Teias de aranha não são armadilha de caça, ou sedução oferecida.
3 – O aquilo que está no Naquilo é algo de incompreensível; trata-se de um pronome que não se refere a nenhum nome; por isso não se percebe; mas eu não me admiraria muito, se as tais mentes perversas vissem naquele aquilo a tal outra passarinha que viram em textos anteriores; seria uma aberração, mas eu já disse que não; mas mesmo assim tudo é possível.

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